sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Crítica ao livro "Um conto da Bahia", de Douglas Fersan


“Os pássaros revoaram sobre a imensidão azul, tornando-se apenas vultos ao se colocar contra a luz do sol. O farfalhar das asas no vôo rasante produziu uma brisa agradável, contrastando com o calor escaldante daquele janeiro de 1905. José Bento puxou o pai pela camisa e perguntou quase chorando:
_Pai, estamos chegando?
Seu João Bento respirou fundo, buscando a paciência que o cansaço e o sofrimento quase tinham esgotado e respondeu sem demonstrar muita emoção:
_Sim, falta pouco...
_Estou com fome... e sede – insistiu o garoto (...)”
Assim começa “Um conto da Bahia”, a saga de José Bento, um nordestino inconformado com a própria condição e a de seu povo. Não aceitando a pobreza e a injustiça social – tão comum naquele tempo e lugar – José Bento decide partir em busca de aventuras, seguindo um grupo de bandoleiros que percorria os sertões. Na verdade, o que ele não sabia, é que partia em busca do próprio destino, em busca do entendimento da existência e do crescimento espiritual.
“Um conto da Bahia” não é apenas um romance. É o retrato de uma sociedade, de um povo, que aos poucos vai construindo sua identidade a partir da mistura das crenças e da sabedoria popular que vive adormecida no inconsciente coletivo.
É possível encontrar, ao longo da narrativa, referências às diversas raízes que formaram a religiosidade brasileira: a onipresença católica, o conhecimento indígena arraigado no inconsciente popular, o africanismo tão marcante (a contragosto das classes dominantes) na formação brasileira e a sabedoria quase ingênua dos curandeiros (ou benzedeiros) que resistem até os dias atuais.
Numa linguagem suave e envolvente, esses elementos vão surgindo e mostrando que convivem numa harmonia quase silenciosa, mas que sempre voltam à tona, pois já estão incorporados à identidade do povo brasileiro.
Douglas Fersan – que é sociólogo e historiador - escreve como quem conta uma história – e nesse caso, não é apenas uma história para entreter, é a própria história do Brasil, de seu povo e de sua crença. Com mestria, o sociólogo, o historiador e o contador de histórias dão as mãos para nos brindar com essa magnífica obra, que não fala de Espiritismo, de Umbanda, de Catolicismo ou de qualquer outra religião. Fala de cada um de nós, pois muitos serão aqueles que conseguirão ver um pouco de si no romântico, ingênuo, sábio e rebelde José Bento, um homem contraditório, mas cheio de esperança, como cada um dos brasileiros que luta diariamente pela sua sobrevivência e crescimento espiritual.
Confira essa obra no link:
Jorge FagundesResenha literária do Jornal Caminho do Sol
Copiei essa crítica de outro blog e coloquei para homenagear meu amigo Douglas Fersan.
Abraços e sucesso, meu amigo.
André Mendes.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Entrevista com Douglas Fersan



Douglas Fersan é sociólogo e profissional da área da educação. Mesmo com essa formação acadêmica trilhou os caminhos da umbanda e acabou se destacando por seus textos lúcidos que publica em blogs, jornais e sites. Sua fama de mau humorado parece mais que é lenda pois com o blog ESPÍRITO E MAGIA ele foi bastante gentil, mas mesmo assim ele relutou um pouco a dar essa entrevista.

ESPÍRITO E MAGIA:
Desde quando você é ligado à umbanda e às coisas espirituais?

Douglas Fersan: Acho que desde sempre. Festas de Cosme e Damião, visitas a benzedeiras foram constantes em minha infância. Embora se dissesse católica, minha mãe sempre apelava para a ajuda espiritual, principalmente a fim de cuidar da minha irmã, que desde muito pequena tinha problemas de saúde e de ordem mediúnica (hoje entendo isso).

ESPÍRITO E MAGIA: Mesmo sendo católica, sua mãe freqüentava a umbanda?

Douglas Fersan: Não necessariamente e não apenas a Umbanda. Ela buscava o bem-estar de sua família e, como sempre dizia, acreditava que Deus não estava restrito a um único templo. Na realidade, o que ela fazia era o reflexo do comportamento do povo brasileiro, que majoritariamente se diz católico, mas tradicionalmente acredita nas manifestações espirituais, talvez até como fruto de seu passado histórico. Assim, minha mãe não freqüentava a Umbanda ou o Espiritismo, ela buscava lugares que lhe faziam bem e, mesmo batendo no peito e se dizendo católica, ia mais a centros espíritas e terreiros do que à missa (risos).

ESPÍRITO E MAGIA: Parece que essa é uma característica do povo brasileiro.

Douglas Fersan: Faz parte da identidade cultural do brasileira, e certamente essa característica deve levar os ortodoxos da Igreja Católica à loucura, pois esse comportamento seria considerado heresia em outros tempos e lugares, mas o colonizador branco, católico, europeu teve que se render a essa flexibilidade que se construiu no Brasil. Até mesmo por uma questão econômica: ou as diversas etnias e suas crenças e hábitos se mesclavam, ou não haveria a menor possibilidade de se construir uma economia colonial efetivamente bem sucedida. Não havia no Brasil a ortodoxia dos puritanos ou dos quakers, por exemplo. Nem mesmo quando os holandeses invadiram o Brasil houve uma imposição religiosa, pois eles bem sabiam que mexer com o catolicismo português ou com a tradição africana acarretaria em desentendimentos que prejudicariam seus negócios.

ESPÍRITO E MAGIA: Você parece sempre buscar na história o entendimento do mundo atual.

Douglas Fersan: Entender a formação história de um povo é entender sua identidade.

ESPÍRITO E MAGIA: Vamos ao assunto-tema do site: você acredita na existência da magia?

Douglas Fersan: Eu tenho certeza dela. A magia é tão real quanto os fenômenos físicos.

ESPÍRITO E MAGIA: E o que seria a magia para você?

Douglas Fersan: A manipulação energética de determinados elementos. Todo elemento possui sua vibração, sua energia. Saber manipular e direcionar essa energia é praticar a magia.

ESPÍRITO E MAGIA: Da maneira como você fala, dá a impressão que a magia é algo natural.

Douglas Fersan: Não se deve banalizar a magia, mas também não precisamos acreditar que é algo praticado apenas em catacumbas, por mestres iniciados em sociedades secretas. A prática da magia é mais recorrente do que pensamos, muito embora eu defenda o seu uso racional e responsável.

ESPÍRITO E MAGIA: Pode explicar melhor essa afirmação de que a magia é mais recorrente do que se imagina?

Douglas Fersan: Volto a dizer que não se deve banalizar e é bom lembrar que existem vários níveis de magia, desde aquelas mais simples até as altamente complexas, praticadas por poucos. Mas a magia é praticada por todos os povos nas mais diversas épocas e situações. A própria Bíblia narra a transmutação da água em vinho, a multiplicação dos peixes, a cura de diversos doentes. Jesus teria sido um grande mestre na arte de manipular a energia dos elementos. O que alguns chamam de milagre, outros podem chamar de magia. E mesmo no nosso cotidiano as pessoas vivem apelando para receitas que julgam mágicas (nem todas são realmente, ou funcionam efetivamente), como simpatias para os mais diversos fins. Essas simpatias, num nível bem primário, seria uma forma de se praticar magia.

ESPÍRITO E MAGIA: Existe relação entre umbanda e magia?

Douglas Fersan: A Umbanda é magística por natureza, assim como a maioria das religiões. A diferença é que na Umbanda essa relação se dá de forma explícita, assumida e sem disfarces, como o eufemismo de “milagres”, usado pela grande maioria das religiões.

ESPÍRITO E MAGIA: O que é a umbanda para você?

Douglas Fersan:
Uma filosofia de vida, porém, para isso é preciso vivenciar a Umbanda, e não apenas comparecer aos seus cultos.

ESPÍRITO E MAGIA:
Pode ser mais claro?

Douglas Fersan: Muitos são umbandistas apenas no período que dura a gira de seu terreiro. Terminada a gira, cada qual vai para sua casa, tira a roupa branca e age o resto da semana como se não tivesse uma religião que deveria nortear suas atitudes. Isso é não entender a Umbanda enquanto filosofia de vida, é estar umbandista e não ser umbandista.

ESPÍRITO E MAGIA: Mas é muito difícil ser umbandista e usar os princípios da caridade todos os dias.

Douglas Fersan: Certamente, e eu mesmo sou imperfeito em meus atos e um pecador convicto, porém sem a tal da reforma íntima, qualquer religião é vã. Devemos ao menos tentar melhorar um pouquinho que seja por dia.

ESPÍRITO E MAGIA: Como você definiria a intolerância religiosa?

Douglas Fersan: Com uma só palavra: ignorância. Mas é bom deixar claro que a intolerância não é unilateral, ela vem de todas as partes. Existem umbandistas, espíritas, candomblecistas que são tão intolerantes quando alguns evangélicos, católicos, muçulmanos, etc. O fanatismo e a intolerância não são privilégios de ninguém. O que nos falta é assumir o papel de cidadãos e passar a exigir o cumprimento das leis. Somente mostrando que conhecemos a lei, que sabemos usá-la e que ela é eficiente, teremos forças para combater o preconceito religioso.

ESPÍRITO E MAGIA: Você concedeu uma longa entrevista virtual em um site de relacionamentos, onde falou sobre vários aspectos da umbanda. Alguns de seus conceitos mudaram desde aquela época?

Douglas Fersan: Como diz uma sábia entidade da umbanda, “quem fica parado é poste”. Essa entrevista aconteceu há dois ou três anos, não me lembro bem, de lá para cá aprendi coisas novas, que somaram e fatalmente me fizeram rever alguns conceitos. Eu diria que a essência continua a mesma, mas mudei alguns poucos conceitos, e arrisco dizer, sem modéstia nenhuma, que essa mudança foi no sentido de aprimorar.

ESPÍRITO E MAGIA: Essa entrevista gerou alguma repercussão?

Douglas Fersan: Recebi centenas de emails, até da Bélgica, Japão e outros países. A maioria deles fazia uma crítica positiva, graças a Oxalá. Isso me fez refletir muito sobre a imensa responsabilidade que assumimos ao escrever, declarar e tornar pública uma idéia, principalmente ela se refere à religião que professamos.

ESPÍRITO E MAGIA: Falando em escrever, você se tornou conhecido pelas matérias que escreve sobre umbanda. Fale um pouco sobre isso.

Douglas Fersan: Não acho que me tornei conhecido, acho que nem quero isso para mim. Escrevo principalmente sobre Umbanda, mas não apenas sobre ela. Escrevo também sobre Educação e pretendo, em breve, criar um blog sobre Sociologia. Mas escrevo despretensiosamente, como alguém que observa e relata suas conclusões. Ao contrário do que já me acusaram, não pretendo intelectualizar a Umbanda, nem tenho competência para isso.

ESPÍRITO E MAGIA: Pretende publicar um livro?

Douglas Fersan: Se eu dissesse que nunca pensei nisso, estaria mentindo. Mas quando se fala em escrever sobre Umbanda, é preciso um cuidado muito grande, pois não se deve escrever em tons doutrinários. A prática da Umbanda se aprende nos terreiros, no convívio com os sacerdotes, entidades e cambones. A literatura umbandista deve ser criteriosa e centralizar-se nas reflexões e registros, mais no sentido de internalizar do que propagar. Já escrevi para um jornal, e sempre procurava observar esse limite, que julgo ser fundamental.

ESPÍRITO E MAGIA: Nunca ocorreu um conflito entre o sociólogo e o umbandista? Pode ser que não, mas num primeiro olhar, parece uma combinação estranha.

Douglas Fersan:
Não existe esse conflito, pois eu acho que a Umbanda, como poucas religiões, é bastante pragmática. O olhar de sociólogo me faz não aceitar mistificações, o que é bastante positivo, além de aguçar a sede de conhecer e entender a Umbanda nas suas mais profundas raízes. Acho que essa combinação mais ajuda que atrapalha.

ESPÍRITO E MAGIA: Diga alguma coisa aos leitores do blog para encerrar essa entrevista.

Douglas Fersan: Não sei bem o que dizer, você me pegou de surpresa para essa entrevista. Vou dizer o que me veio à mente agora, mesmo que isso não tenha muito a ver com Umbanda ou magia. Só construiremos um país melhor no dia em que investirmos em educação e cada família ensinar bons valores aos seus filhos. Esses valores não são necessariamente da religião que professo, todas religiões tem bons valores a ensinar. São os valores da alma, do respeito, da solidariedade e da alteridade. Talvez eu não veja esse país, mas gostaria muito de contribuir para que ele seja construído.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A Magia




A magia negra ou goécia é a forma de magia, um sistema mágico, convencionalmente conhecidas como "más", mas a Magia Negra é uma prática de integração com nosso arquétipo Sombra (psicologia) como reconhecido pelo Jung.
O indivíduo que inicia as suas práticas neste campo alega fazer pacto com demônios e espíritos, chegando até a "vender" a sua alma em troca de sucesso, poder e satisfação pessoal.
A invocação demoníaca e o bruxedo são consideradas práticas da magia negra. Já as práticas do Vodu, do feitiço e da necromancia podem ser utilizadas para o bem ou para o mal, podendo ser vistos, no segundo caso, também como peculiaridades da magia negra.
Os adeptos de práticas de magia negra são denominados popular e incorretamente como bruxos (pois estes acreditam em deuses e deusas), feiticeiros, satanistas ou endemoniados. Com base em rituais, cânticos, invocações e usando fórmulas mágicas, afirma-se que conseguem manipular o comportamento de pessoas, geralmente o fazendo para o seu proveito próprio, o que equivale a dizer que é para a subjugação e para o mal da pessoa objeto do feitiço.
A magia negra pode ser vista como uma comunicação com forças sobrenaturais. Tal comunicação pode ser feita de várias maneiras, inclusive através da transcendência, que significa a prática de se tentar que o espírito saia do corpo do praticante e fique flutuando no ar, procurando contato com outros espíritos afins.
Magia Negra no Ocultismo
A Magia Negra do Ocultismo é reconhecido não como bem ou mal, nessa matriz de ilusões e difamações dos inimigos da magia e do progresso individual. É reconhecido como um meio de se alterar as nossas Sombras interiores a favor do progresso.
Magia Negra para o Setianismo
Seguidores do Caminho da Mão Esquerda (Setianismo) praticam o que, em um sentido muito especialmente definido, denominamos Magia Negra. Magia Negra concentra-se em metas autodeterminadas. Sua fórmula é "Minha Vontade será feita", em oposição a magia branca do Caminho da Mão Direita, cuja fórmula é "Tua/Vossa Vontade será feita".
Magia Negra é evitada e temida porque fazer Magia Negra é assumir inteira responsabilidade por suas ações, opções e eficiência.
Uma vez que a Magia lhe habilita a influenciar ou mudar eventos de maneiras não compreendidas nem antecipadas pela sociedade, você precisa primeiro desenvolver uma apreciação sadia e sofisticada pelas éticas que governam seus próprios motivos, decisões e ações antes de pô-la em prática. Usar magia por desejos impulsivos, triviais ou egoístas não é uma atitude Setiana. Você deve tornar sua segunda natureza a prática de sempre pré-avaliar cuidadosamente as conseqüências do que você deseja fazer, e então escolher o caminho da sabedoria, justiça e aperfeiçoamento.
O Templo de Set utiliza um longo espectro cultural e conceptual de ferramentas mágicas, muito além de apenas as egípcias, e está sempre buscando novas abordagens e técnicas.
Magia pode tanto ser operativa - para curar a doença de sua mãe, conseguir um emprego melhor, fortalecer sua memória, etc. - ou ilustrativa/iniciatória. A segunda refere-se a processos mágicos que visam habilitar e desempenhar o processo vitalício de Iniciação. Eles são como os "ritos de passagem" de várias culturas primitivas e religiões convencionais, mas se distinguem desses através de um importante fator: Eles representam uma mudança individual, em vez de social. Trabalhos Iniciatórios representam dessa forma a realização da auto-deidificação, enquanto "ritos de passagem" sociais integram um indivíduo à sociedade. Um "rito de passagem" comunicando passagem ao estado adulto afirma que o indivíduo envolvido está agora possuído de certa dignidade e responsabilidades. Um trabalho Iniciatório desperta o indivíduo a certos poderes individuais [e responsabilidades], os quais podem ou não ser usados em um contexto social.
Magia Iniciatória é necessariamente individual, e situa o praticante a uma distância conceptual da sociedade. Iniciação não ocorre dentro da Câmara Ritual, mas é ilustrada lá.
Magia Negra é o meio através do qual os Iniciados no Caminho da Mão Esquerda experimentam sua própria divindade, em vez de rezar para deuses imaginários.

sábado, 7 de março de 2009

A magia negra sob a ótica do espiritismo


A prática da magia negra é explicada, à luz da doutrina espírita pelo Livro dos Espíritos em suas questões 549 e 550, sob o título de "Pactos", de 551 a 556, sob o de "Poder Oculto, Talismâs e Feiticeiros", e 557 "Bençãos e Maldições".
Ali se ensina que as ações de espíritos voltados para o mal sobre as pessoas podem ser impedidas, caso a pessoa objeto dessas ações invocar, em sua proteção, a ação de espíritos voltados para o bem. Ensina, ainda, que para que uma pessoa tenha a ajuda de espíritos voltados para o bem, ela deverá manter-se em harmonia com eles, envolvendo-se, em todas as suas atividades e práticas, com pensamentos nobres e sempre procurando auxiliar aos necessitados.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

A magia na umbanda



Magia nada mais é do que a manipulação de elementos e da energia neles contida. Como numa experiência alquímica, manipula-se esses elementos a fim de atingir um objetivo determinado, e não há nada de sobrenatural nisso. Sobrenatural seria aquilo impossível de se alcançar, já a manipulação mágica, sendo possível, é algo perfeitamente natural – o diferencial é que foge à compreensão convencional, o que a coloca à margem dos demais conhecimentos.A arte da magia se faz presente em todas as civilizações conhecidas, desde as mesopotâmicas até as ameríndias, cada qual adaptando rituais e métodos de acordo com sua crença e cultura. Assim, a magia tem atravessado séculos, resistindo à perseguições e tentativas de minimizá-la ou então de classificá-la, de forma preconceituosa, como crendice popular. Mas na realidade, a crença na magia ultrapassa os limites das barreiras sociais e até culturais. Ao recorrer a simpatias, benzimentos, determinadas rezas, nada mais se está fazendo do que apelando para a magia.Assim, é possível afirmar que a Umbanda é a síntese da magia, pois agrega elementos dos mais diversos povos: europeus, africanos e ameríndios – isso sem contar as correntes que tentam inserir novos elementos à sua liturgia. Então, a Umbanda é magística por excelência.Entretanto, é sempre bom tomar o cuidado para não se deixar iludir e cair naquela crença infantil de que a magia é a solução para tudo. A Inteligência Universal certamente atua sobre o destino de cada um, só permitindo que aconteça aquilo que for de seu merecimento ou necessário ao seu aprimoramento espiritual. A função da magia, nesse caso, é fornecer “meios” para que os trabalhadores do Universo (que alguns chamam de anjos, outros de mentores, outros, simplesmente de “guias”) possam trabalhar e auxiliar os homens naquilo que necessitam.Existem aqueles que, deslumbrados com aquilo que acreditam ser possível conseguir com a magia, ou ainda, desconhecendo as Leis que regem o Universo, passam a acreditar que tudo podem conseguir usando essa ferramenta, buscando atingir seus objetivos, não importando os meios. Tentam – e acreditam conseguir – burlar as Leis mais primordiais que existem. Muitas vezes conquistam um sucesso efêmero, o que os deixa ainda mais iludidos, já que não possuem a compreensão das dívidas que contraem ao tentar (em vão) ludibriar os olhos do Astral, que nada deixam de ver.O uso da magia deve ser responsável. As Leis de Umbanda são severas, usar seus meios requer responsabilidade e maturidade e infelizmente não são todos que estão preparados para isso. Aceitar a magia que a vida realiza naturalmente, dia a dia, é um grande sinal de resignação e sabedoria, pois quem assim o faz, respeita aquilo que preparou para si, já que tudo é fruto do merecimento. Manipular energias e elementos com responsabilidade é um trabalho nobre, mas é para poucos, pois são poucos os que sabem fazer isso sem interferir nas Leis do Universo, que é é justo, como justa é a Umbanda, que caminha sempre à trilha das Leis de Deus.
Artigo gentilmente cedido pelo sociólogo e pesquisador Douglas Fersan.

Breve entrevista com Tereza Stein

Tereza Stein é natural de Limeira, no interior do estado de São Paulo.
Nascida em 1952 em uma família judia, não tardou a romper com as tradições e tornou-se um tipo de ovelha negra. Peregrinou por diversas regiões místicas do planeta (Machu-Pichu, Santiago de Compostela e Lourdes). Iniciou-se na EMA - Escola Mística Ancestral - sociedade iniciática e magística de longa tradição celta. Atualmente é uma respeitada feiticeira brasileira, muito embora prefira manter-se no anonimato. Foi a muito custo que concordou em conceder essa breve entrevista.



Espírito e Magia: Como é ser uma feiticeira hoje?
Tereza Stein: É a mesma coisa que ser uma feiticeira há mil anos atrás. É hamonizar-se com a natureza e todo o poder de seus elementos.

Espírito e Magia:
Por que a senhora não gosta de conceder entrevistas e posar para fotografias?
Tereza Stein: Por uma razão óbvia: gosto de preservar a minha privacidade. Ainda mais sendo uma feiticeira, pois nesse país existe uma intolerância religiosa velada. A maioria das pessoas se diz democrática mas dificilmente respeita aquilo que não conhece. Tenho família e filhos, não tenho o direito de expô-los assim.

Espírito e Magia: Foi difícil para a senhora romper com o judaísmo?
Tereza Stein: Nunca rompi totalmente, apenas não sigo a sua tradição. Mas minha família é judia e jamais jogaria no lixo o seu passado. Amo o povo judeu, tão sofrido e injustiçado, mas me identifiquei mais com outras tradições, como a nórdica e a celta. Não vejo razões para me manter presa a uma tradição de berço sendo que simpatizo e me identifico mais com outra. Claro que a família não aceitou, foi um escândalo na época, mas o tempo é um santo remédio.

Espírito e Magia: Mas a senhora parece seguir algumas tradições católicas também, como a crença em santos...
Tereza Stein: Nada tenho contra o catolicismo. Aqueles a quem chamam de santos católicos são seres iluminados enviados ao nosso planeta por uma força maior, a fim de nos disciplinar com seu exemplo. Francisco de Assis é o maior desses exemplos.

Espírito e Magia: A senhora possui poderes mágicos?
Tereza Stein: Ninguém possui. Nós possuímos apenas a capacidade de movimentar a energia que existe na Terra e sobre tudo que há nela. Ser um mago é conhecer as forças que o planeta possui. Eu apenas domino a arte de direcionar essas forças. Isso é ser uma feiticeira ancestral.

Espírito e Magia: E que tipo de coisa a senhora consegue fazer ou obter com a manipulação desses elementos?
Tereza Stein: Principalmente a limpeza da aura, a cura do espírito e do corpo físico. Mas também é possível algumas transmutações e manipulação do destino, mas esse assunto é muito mais profundo e não deve ser tratado aqui.

Espírito e Magia: A senhora gostaria de deixar alguma mensagem para os leitores do site?
Tereza Stein: Gostaria apenas de dizer que a fé é a grande força que move a vida das pessoas. Sem a fé nada se alcança, não importa o nome que se dê ao Senhor do universo, mas quando nele se ampara, tudo se consegue, claro, dentro de sua lei. O amor é a maior manifestação desse Senhor e, infelizmente, é a única salvação para o mundo, que encontra-se agonizante. Fé, meus amigos e irmãos.